quinta-feira, 3 de março de 2011

Sobre o mar, crianças e areia




Hoje eu vi o mar. Há quanto tempo eu não o via. Havia muitas pessoas. Era tarde de um sábado comum, se não fosse por um detalhe. Uma criança ao correr, lançou ao vento os grãos de areia que nos seus pés se acumularam. O vento os trouxe a mim. Já tinha me esquecido o gosto da terra na boca e nos olhos. É único. E incomodante. Esbocei uma daquelas palavras ditas no ímpeto de raiva, mas preferi não me estressar. Voltei para casa. Pensava já de modo diferente. Parece clichê, mas nós escolhemos que caminhos seguir. Poderia eu, ao receber aquela rajada inesperada de grãos soltos, terminar minha cerveja (agora cheia de terra) de cara emburrada. Fiz a escolha certa. Resolvi deixar pra lá. E quantos momentos desagradáveis na vida poderiam ser evitados se resolvêssemos deixar pra lá. Se não nos importássemos em engolir areia, de vez em quando. Agora, toda vez que eu pensar em me estressar, lembrarei do mar. E daquela criança, que me disse tanto, sem ao menos notar minha presença ou saber que eu existo.


(21/08/2010)